Design Gráfico2019-02-01T16:57:23-02:00

O que é Design Gráfico?

Quer entender O que é Design Gráfico? Se você buscar no Google a definição exata, vai ler que se trata de uma área em que o profissional cria e manipula elementos gráficos a fim de passar uma mensagem ou ideia. Outros resultados são mais enxutos e resumem como o ramo em que o profissional se comunica por meios visuais.

São ótimas respostas e de certa maneira estão certas. Mas se aceitarmos tamanha simplicidade, o fato de você desenhar uma seta torta na parede indicando uma direção o faria um designer gráfico. E partindo desta premissa, colocar um band-aid num corte o transformaria em médico, encapar um fio elétrico com fita isolante num engenheiro elétrico e colocar palha de aço na antena da TV num técnico em telecomunicações.

Sabemos que não é assim.

Definição e a profissão no Design Gráfico

Design Gráfico

Dizem que a profissão surgiu quando Gutenberg inventou a impressão em massa por tipos móveis. Dizem que é mais antiga, criada quando os chineses inventaram o papel de farrapos. Mas na minha humilde opinião, designer é uma das profissões mais antigas do mundo. Nasceu quando o homem das cavernas sentiu a necessidade de contar uma história desenhando nas paredes de pedra. E histórias, para encantarem, precisam ser convincentes.

Convencer. Taí um verbo que tem tudo a ver com a profissão de Design Gráfico.

Ora, e parece fácil, né?! Você vai lá e argumenta com as pessoas sobre como a sua ideia é legal, a melhor de todas e como é importante que eles a aceitem. Soa como um vendedor ou um palestrante, certo?! Mas e se você precisa atingir muito mais pessoas, digo, milhares ou milhões que, por sinal, nem você ou seu cliente verão cara-a-cara?

Isso começa a soar como publicidade e propaganda? Sim e não.

Publicidade e Design Gráfico

As duas profissões são irmãs, ou parentes que se veem bastante durante o ano todo. Vão para a balada juntas e possuem objetivos parecidos. O publicitário é contratado para criar uma estratégia que fará com que um público-alvo compre um determinado produto ou serviço. O designer gráfico é um dos profissionais que ajudam a atingir esse fim. Então se eu disser que o design gráfico é uma ramificação do campo da publicidade estarei certo?

Sim e não de novo.

O trabalho do designer gráfico é mais amplo.

Nem sempre está relacionado à venda de um produto ou serviço. Grafiteiros, por exemplo, são designers gráficos muito mais ligados à arte do que ao ramo da publicidade. Um jogo de videogame provavelmente não passou nas mãos de um publicitário, mas com certeza foi manipulado por um designer. Uma placa de trânsito visa informar, não vender.

Grosso modo, publicitário vende, designer informa.

O que é design gráfico e para que serve?

E mais do que informar, design gráfico desperta sentidos, sentimentos e encanta. O casamento perfeito da arte com o marketing. Para alguns cometerei uma heresia agora, um publicitário não vive sem o design gráfico, mas o designer gráfico sobrevive sem a publicidade.

Porém hoje em dia eu diria que noventa por cento do trabalho do designer gráfico está relacionado à venda de alguma coisa.

Um logotipo, um cartão de visita, um site, quando os clientes pedem esses serviços, esperam que você faça uma arte que, muito mais do que bonita, alavanque seu negócio, gere lucro. Termos oriundos da publicidade como briefing e público-alvo fazem parte (ou deviam fazer) do cotidiano de um designer gráfico, pois sem eles, a arte não tem função.

Função, seja o de confortar, de vender ou de encantar, a arte de um designer sempre tem um objetivo.

O que faz um profissional de design gráfico?

Agora compliquei. Designer é o profissional que manipula elementos gráficos para passar uma mensagem ou uma ideia, e tem que ser convincente e tem que informar e tem que ter uma função. Vamos reunir tudo isso numa premissa só?

Designer seduz por meios visuais e textuais, ponto final.

Qual o objetivo de quem
trabalha com design gráfico?

Depende. Se for desenhar um móvel, talvez seja o de unir conforto com tendência e beleza. Se for o de construir um site, provavelmente a navegação tem que ser levada em consideração, além da arte remeter sobre o que trata o site em questão de segundos. A unanimidade é que ele tem que ser belo.

Mas o que é belo para um pode não ser para o outro.

Verdade, porém, podemos ter mais chances de sucesso se pensarmos que há regras, tendências e modismo por baixo do conceito de belo.

Alguns anos atrás, pesquisadores de uma universidade (acho que americana) tentaram entender por que certas pessoas eram consideradas mais bonitas do que as outras. Eles tiraram centenas de fotos de rostos de todos os tipos, mostraram-nas para milhares de pessoas, pediram que lhes desse uma nota em relação à beleza e chegaram a alguns resultados interessantes.

O primeiro foi que na maioria dos casos as pessoas consideram mais bonitos aqueles da sua mesma etnia, ou seja, brancos votavam em brancos, negros em negros e por aí vai. A conclusão era que tendemos a achar mais bonito aquilo que se parece um pouco conosco.

Descobriram também uma tendência a gostar do exótico ou de um estereótipo bastante influenciado pela indústria da moda e da publicidade da época. Os de rosto magro foram os mais votados, por exemplo (culpa do estereótipo criado pela indústria da moda). Loiros e loiras foram os vencedores na América Latina, afinal são mais raros, digamos assim, nesta parte do mundo. Já morenos e morenas ganharam na Europa.

Porém isso nem de longe foi o resultado mais impactante. Os pesquisadores compararam os mais votados de cada etnia e região com os menos votados. Descobriram que aqueles que tinham um lado do rosto mais simétrico ao outro eram considerados mais bonitos.

Qual o objetivo de quem trabalha com design gráfico?

Vou explicar melhor: pegue seu rosto, trace uma linha o cortando ao meio, passando por entre os olhos e pelo centro do nariz. Se os elementos de um lado (olhos, narina, orelha, metade da boca, tamanho da bochecha, formato da barba, da sobrancelha etc.) for simétrico ao outro lado então, tecnicamente, você deve ser considerado bonito. A preferência pela harmonia, pelo equilíbrio, está no nosso inconsciente.

A beleza, por si só, existe apenas para ser admirada. Mas quando possui uma função ou um objetivo, ela se transforma, atrai, encanta, passa uma ideia ou mensagem para quem a contempla. Ou seja, ela seduz.

Escreva isso no papel de parede do seu computador: Minha arte tem que seduzir o cliente e o público dele. Encaixe essa frase na sua reza antes de dormir. Pense nisso quando acordar, enquanto mastiga torradas, escova os dentes, toma banho. Se possível, tatue no braço.

Mas como se faz isso no design gráfico?

Ora, do mesmo jeito que se alcança o sucesso em qualquer profissão: somando conhecimento técnico com experiência e mais uma dose de bom senso.

Passar todas as técnicas aqui seria insanidade, como responder tudo que um médico cirurgião faz. Faculdades de design gráfico, bons cursos (como este aqui) e livros da área estão aí para isso. Mas o que cabe dizer aqui é que o designer gráfico precisa saber muito bem por que está pintando aquilo daquela cor, por que escolheu determinada fonte em vez da outra e por aí vai.

Noções de respiro, equilíbrio, proporção, direcionamento, tudo tem que ser levado em conta desde a criação de um simples logotipo (que não tem absolutamente nada de simples em sua criação) até a de um portal completo na internet.

Gostar de desenhos e arte são características desejáveis, assim como manjar de vários softwares de edição de imagem. Desenvolver um senso estético moldável às tendências do setor também é fundamental. Mas para tudo isso funcionar em conjunto, é necessário conhecer as técnicas, e elas são muitas.

Conceitos de Design Gráfico. O que estudar para trabalhar como designer gráfico?

Para você que quer estudar para trabalhar com Design Gráfico, seguem alguns conceitos e informações. Resumi tudo que se deve dominar em cinco princípios:

  • Organização
    Dispor de maneira correta os elementos gráficos dentro de um projeto é fundamental para o sucesso de um trabalho. A escala dos elementos em relação aos demais, a repetição de algumas formas, a ordem de leitura que elas proporcionam em conjunto e o excesso ou sobra deles, tudo isso tem que ser posto de caso pensado, visando um fim. Sem organização, não há equilíbrio nem hierarquia nem simetria. O projeto fica desequilibrado e sem leitura visual.

  • Harmonia
    Organizar os elementos por si só não compõe uma peça gráfica. Precisa haver harmonia entre todos os elementos. Para isso, contamos também com o estudo das cores, a aplicação correta do contraste e a sobreposição ou não de cada forma. As cores despertam sensações no público-alvo. O contraste funciona como uma quebra de parágrafo, ou seja, ajuda na fluidez e na absorção do que se quer transmitir.

  • Legibilidade
    A peça gráfica precisa ter leitura visual e textual em diferentes tamanhos e aplicações. Escolher a fonte certa, definir de modo correto o contraste, a escala dos elementos e aplicar bem as cores são fundamentais para se conseguir ser lido e entendido.

  • Estilo
    Tudo que falei acima deve seguir um estilo que pode ou não ser imposto por uma tendência do mercado. Um cartão de visitas de uma barbearia, por exemplo, terá um “sabor” bem diferente de um feito para uma perfumaria. Provavelmente será mais escuro e carregado, um estilo puxado para o grunge ou o vintage. O estilo é importantíssimo para o designer gráfico e para o de produto.

  • Movimento
    Caso o trabalho esteja relacionado com animação, a fluidez dos movimentos, do clique num menu até o movimento corporal de um personagem num jogo, precisam ser fluídos e não chamar mais a atenção do que o objetivo do projeto. Uma animação longa e cheia de firulas ao se clicar num ícone, por exemplo, fará com que o usuário esqueça por um segundo o que veio fazer ali.

Cores, proporções, escala, contraste, coerência visual, tipografia, áreas vazias (que chamo de respiro), espaço negativo, balanço, hierarquia dos elementos, tudo isso está inserido nestes cinco princípios. Alguns designers os definem em mais itens, outros em menos. Mas todas as técnicas que precisam ser dominadas são as mesmas, indiferente como estão agrupadas.

Design gráfico: Controle e inspiração

Vou ser direto aqui: esqueça a inspiração. Por mais que chame seu trabalho de arte, ele não é um quadro a ser exposto no museu. Se tem uma função mercadológica, então o que faz é um produto visual.

Por isso para ser um profissional de Design Gráfico você precisa ter total controle do que cria. Não deve existir elemento gráfico faltando ou sobrando ou dificultando o entendimento da mensagem. Menos é mais deve ser o mantra de todos os profissionais da área. Cores, tipologia, grafismo, tudo tem que ser pensado e estudado antes de ser aplicado no conjunto da obra.

Uma vez criei um logotipo para um blog sobre alimentos. O briefing que o cliente me passou estava ótimo. Ele até incluiu alguns dos seus concorrentes e JPGs de logos que gostava. Fui lá e fiz o logo dele em dois dias, usei as cores que ele queria e uma fonte divertida para o nome do blog.

O cliente não aprovou um detalhe que, ao me dizer, senti-me um tremendo amador: a fonte era linda, mas serifada. E fontes serifadas não dão muita leitura quando diminuídas na tela. Ou seja, criei pensando em impressão, mas esqueci que o objetivo maior era colocar o logo no topo da página de um blog.

Por sorte, troquei a fonte em minutos e mandei para ele, fechando o trabalho.

Ficar dançando com os elementos no Illustrator ou Photoshop até a coisa ficar bonitinha e torcer para que ela seduza o cliente não é ser designer gráfico e sim um apostador de loteria.

A importância do briefing e de ler nas entrelinhas

O briefing do cliente é fundamental para o designer. E lê-lo nas entrelinhas ajuda ainda mais.

Vou te contar um caso: uma cliente pediu a um designer para criar a capa do seu ebook. A história do livro era sobre uma garota que se apaixonava por outra em uma viagem a uma praia rústica do Nordeste. No briefing dela, pediu apenas que a cor azul turquesa fosse destacada na capa. Não era um briefing muito detalhado, mas esperar um perfeito é um sonho que nunca se realiza nesta profissão.

Então o designer sentou a bunda na cadeira para criar a capa. Entendeu que o objetivo principal era ilustrar esse romance homoafetivo numa praia usando a cor azul turquesa ou mostrar a protagonista numa pose clássica de “eu estou pensando e estou na praia”.

Começou com a pesquisa, a rabiscar esboços, a procurar nos bancos de imagens fotos de mulheres ou de uma mulher na praia, afinal o livro estava em primeira pessoa. Havia uma protagonista só. Ele fez alguns experimentos, chegou a alguns resultados, levou em consideração a legibilidade da capa naquelas amostras pequeninas na Amazon, escolheu a melhor e a tratou no Photoshop até ficar perfeita.

Mas algo o incomodava. A arte estava vaga, saída quase que totalmente da sua cabeça. Ele não tinha tempo de ler o livro da cliente, então como podia vender algo que não fazia ideia o que era? Que tom tinha a história? Sobre o que realmente era. O briefing deveria ter cuidado disso, mas não cuidou, deixou-o livre demais para criar, e isso é perigoso.

O designer voltou à cliente e perguntou se havia uma versão antiga da capa ou se gostava de uma específica. Ela havia criado uma capa no gerador tosco de capas da Amazon e lhe mandou o arquivo em JPG.

Pow! O designer levou um soco no estômago! Havia uma única imagem na capa, o de uma mulher loira e nua da cintura para cima, cobrindo os seios com o braço meio de lado, com uma tatuagem na costela, gotas de água salgada escorrendo pelo corpo dela.

Desesperado, ele abriu a capa que havia feito e gostado. Mostrava uma mulher de vestido comprido sentada de costas da areia com um chapelão na cabeça. Eram mulheres completamente diferentes! Livros praticamente opostos! Faltava sedução na arte dele, a alma da personagem principal.

A mulher da capa que havia feito jamais tatuaria o corpo, mas, pelo visto, a protagonista se tatuava, era sensual, moderna, o tipo de mulher que viajava pelo mundo com uma mochila nas costas e raspava metade da cabeça se tivesse vontade.

O designer leu aquela foto nas entrelinhas e acrescentou no objetivo de sua capa conceitos como sedução, descolado, moderno, jovem, ousado, liberdade e sexy, tudo que a imagem da capa tosca dela havia lhe passado. Agora sim ele sabia o que estaria vendendo, que mensagem a capa precisava passar. Refez a arte do zero durante a madrugada e ganhou um delicioso parabéns da sua cliente.

Para encerrar, design gráfico não é ficar mexendo no Corel Draw ou no Illustrator até a coisa ficar da hora, não é ser publicitário nem pintor nem ilustrador nem desenhista, não é ser meio psicólogo e decifrador de intenções dos clientes, não é ser vendedor nem artista nem o cara que sabe usar o pathfinder do Illustrator e usar máscaras de recorte no Photoshop.

Ele é tudo isso e muito mais, um profissional estudioso, munido de milhares de técnicas, que sabe o que está fazendo a cada clique que dá na tela, que deixa seu gosto pessoal de lado para atender a vontade do cliente, mas faz isso sem entregar um trabalho muxoxo, um humilde que altera e altera e altera a arte com um sorriso no rosto, até ela ser aprovada.

Um profissional que se mantém constantemente atualizado com as tendências, as técnicas e os softwares mais usados do mercado. Um sedutor qualificado e no controle do seu potencial.

Se você não for tudo isso, então está na hora de ser.

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