Design Gráfico ou Web Designer: Qual profissão escolher?
Qual profissão escolher? Design Gráfico ou Web Designer? Vamos bater um papo sobre as duas profissões e ver as diferenças entre design gráfico e web design e quais perfis se encaixam nestas duas opções? Você vai ter uma base sobre estas duas áreas, além de suas variações como a diferença de Web designer e Web Developer.
Vamos lá?
Os dois ramos são irmãos, nasceram dos mesmos princípios do design e, de certa maneira, possuem o mesmo objetivo: informar e encantar. Ambos trabalham com elementos gráficos e bebem das mesmas técnicas de harmonia, composição, diagramação, contraste, estilo e aplicação de cores. O que muda, a meu ver, é a mídia em que aplicam seu trabalho.
E isso muda quase tudo.

Design Gráfico ou Web Designer? Diferenças técnicas
Antes de falar do perfil dos profissionais e seus trabalhos, vamos conversar sobre as diferenças técnicas e as atenções dadas a elas? Aos poucos você vai se familiarizando e entraremos nas diferenças de perfis profissionais, ok?
Diferenças técnicas de mídia: Papel versus Tela
Seja o papel, uma placa de acrílico, um adesivo ou até mesmo o tecido de uma camiseta, a obra do design gráfico vai acabar fincada num objeto real, sólido e palpável. O maior problema disso é que depois de confeccionado, não dá para voltar. Bordou o logo errado na camiseta? Joga fora. Faltou uma cê-cedilha no subtítulo do folder cuja tiragem de mil cópias já foi impressa? Lixo reciclado e dinheiro jogado fora.
Não me canso de repetir: revisar e revisar e revisar é fundamental para quem trabalha com impressos, ou seja Design Gráfico.
Mas como é gratificante pegar aquele folder que você fez e passar o dedo em sua arte para sentir o acabamento! Como é delicioso ver o seu logotipo na fachada de uma loja real! Como dá vontade de chorar quando você pega aquele cartão de visita que fez com acabamento UV e virar de um lado para o outro sob a luz para ver o brilho do verniz! Dá trabalho e corre-se muito risco ao fechar o arquivo, mas o resultado sempre, sempre é muito gratificante.
Não que o web designer sinta menos ao entrar num site que criou. Pode ser sobre torneiras ou fusíveis, você vai mandar o link para seus amigos e escrever logo abaixo “ei, fui eu quem fiz”. E quando começa a ler os elogios nos campos de comentário… Meu Deus! Você se sente famoso, uma celebridade!
A vantagem da tela em relação ao papel é que dá para consertar o que chamo carinhosamente de “cagadinha”. O logo no topo da página é a versão antiga? Beleza, upo o certo já. A foto do produto está errada? De boa, já troquei. Poxa, pode mudar a cor deste menu? Claro, meu amigo. Aperte F5 daqui a cinco minutos.
O que o web designer não precisa sofrer em relação às alterações após a entrega do trabalho, precisa sim suar a camisa para adaptar o site às telas de diferentes tamanhos, principalmente ao formato tela de PC e tela de celular (e isso sem contar à adaptação aos navegadores diferentes). A primeira tela é grande e deitada (modo paisagem), a segunda é pequena e no modo retrato. Poxa, criar um site que, além de ser bonito e funcional, assim tem que ser num retângulo em pé e num deitado de tamanhos diferentes.
E o web designer também pode cometer suas “cagadinhas”. Precisa se ater aos detalhes, principalmente nas edições de foto. A imagem na tela tende a chamar mais atenção do que no papel, talvez por causa do brilho ou das cores em RGB. Seja como for, recortes mal feitos numa foto ou efeitos grosseiros até em pequenos detalhes são mais perceptíveis do que no papel. Em suma, ser bem detalhista e refinado usando o Photoshop é fundamental.
As profissões e as diferenças nos padrões de cores RGB versus CMYK
No caso da web, as cores na tela são no padrão RGB, ou seja, feitas para serem emitidas por luz através de uma tela. São mais vivas, mais saturadas e possibilitam mais edições no Photoshop, por exemplo. Fora que o resultado que você vê na tela é o que o visitante verá também (ou quase).
Mas nem sonhe em trabalhar com esse modo em peças para impressão (design gráfico). Aí você tem que ir para o velho conhecido da escola, o CMYK (quem nunca misturou tinta amarela, vermelha e azul para compor todas as cores do arco-íris?). Como na escola, aqui há aplicação de tinta sobre tinta para se criar uma cor. O bom é que é mais fácil de entender, afinal todos sabem que o verde, por exemplo, é criado com a mistura de azul e amarelo. Dosar o tanto de uma com a outra criam tons.
O chato é que na tela a cor aparenta ser mais apagada do que no outro modo, isso porque o monitor emite cores em RGB. Cores em CMYK também podem mudar bastante na versão impressa. Aqui a experiência ajuda muito (e pedir uma prova de cor do trabalho antes de autorizar a tiragem na gráfica).
As diferenças de resolução: 300 dpi versus 72 dpi
Dots per Inch, mais conhecido em terras tupiniquins como “pontos por polegada”, é a unidade de medida da resolução das imagens. Não importa se você tenha criado tudo em um programa vetor (que não trabalha com DPIs), o resultado tanto na tela quando no papel será medido assim.
Quanto maior o número, melhor a qualidade, afinal condensa mais pixels por polegada. O padrão num material impresso é de 300 dpi, já na tela 72 está perfeito. A principal diferença entre os dois é o tamanho final do arquivo. Obviamente uma foto em 300 é bem mais pesada do que a mesma em 72. Por isso, se trabalha com web, reduza as fotos e os elementos gráficos para essa resolução a fim de deixar o seu site mais leve.
Reduzir… E se você precisar trabalhar com as duas resoluções? Vamos lá, foi contratado para fazer um folder impresso e um anúncio no Instagram. Usarão a mesma foto do produto X nas duas peças. O folder sairá em CMYK a 300 dpis. O anúncio digital em RGB e 72 dpis. Recomendo que comece trabalhando com a versão maior, no caso o impresso, pois reduzir é bem mais fácil do que ampliar (que implica em perda de resolução).
Mais uma vez digo: na gama de trabalhos a realizar, sempre comece tratando a imagem da peça com maior tamanho e resolução.
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Diferença entre design gráfico e web design. O perfil do profissional.
Certo, citei por cima as maiores diferenças técnicas entre os dois meios de trabalho, mas e os perfis profissionais do Designer Gráfico de impressos e do Web Designer são diferentes ou não?
Em parte.
O designer gráfico possui uma alma de artista. Ele adora caprichar nos efeitos, nos elementos e nos recursos. O papel é uma tela de pintura que o convida a dar o seu melhor (ou assim devia ser). Ele pode ficar horas ou dias mudando a combinação de cores de um logotipo até, invariavelmente, acabar na segunda ou terceira opção.
Esse profissional adora desenhar, ou ao menos rabiscar suas ideias. Adora vetores e assiste a dezenas de vídeos no YouTube para aplicar um efeito Grunge numa foto no Photoshop. Ele compra pinceis, actions e tem milhares de fontes para trabalhar.
Por mais que tenha alma de artista, ele não é um pintor. Os elementos gráficos são escolhidos, editados e postos em uma folha para despertar um desejo no público-alvo, que pode ou não estar associado à compra de algum produto ou serviço. Ele instiga uma ideia usando meios visuais, ele encanta, e isso é uma delícia de fazer.
Já o web designer precisa ter dois cérebros, um de humanas e um de exatas. Isso porque precisa criar a sua arte entendendo como será aplicada depois. Criar algo que não funcione sob uma estrutura HTML, por exemplo, não adianta nada. Aqui o profissional é mais equilibrado. Se abusar dos recursos, o site fica pesado ou inviável, se usar poucos, deixa-o pobre.
Na minha humilde opinião, o web designer “chupa” muito mais dos conceitos primordiais do design do que o designer gráfico de materiais impressos. Finesse, menos é mais, contrates, respiros, sofisticação… ele precisa se ater a outras formas de se buscar beleza em sua arte, criar algo lindo, mas sem chamar mais a atenção do que a informação contida nela. Precisa produzir uma obra elegante, mas não impactante demais. São as mesmas questões que o design de produtos precisa se ater. O web designer não está construindo um belo quadro a ser contemplado durante horas, mas sim um carro sofisticado, cujas linhas e formas convidam o interessado a entrar dentro dele, a dar a partida e correr a cento e vinte quilômetros por hora numa estrada retinha.
Antes de próximo tópico, vou resumir as diferenças e semelhanças entre os dois profissionais:
Designer Gráfico de impressos
Todos os conceitos do design gráfico como layout, cores, diagramação, equilíbrio etc. E conhecimento dos processos de impressão e confecção de peças gráficas.
Web Designer
Todos os conceitos do design gráfico como layout, cores, diagramação, equilíbrio etc. E conhecimento intermediário de HTML, CSS e lógica de programação.
Designer Gráfico de impressos
No papel ou em um material físico, arquivos fechados em PDF, cores em CMYK ou Pantone e resolução das imagens em 300 dpi.
Web Designer
Na tela ou monitor, arquivos vinculados em páginas HTML, cores em RGB e resolução das imagens e 72 dpi
Designer Gráfico de impressos
Verificar se não há nenhum erro, seja visual, textual ou de acabamento, no arquivo final.
Web Designer
Verificar se os elementos gráficos e as fotos não geram estranheza (detalhes de recorte na imagem) e se o trabalho fica bom tanto em modo PC quanto em mobile.
Designer Gráfico de impressos
Criativo, arrojado, solucionador de problemas, caprichoso, organizado, detalhista, antenado e apreciador das artes gráficas em geral. Precisa também estar disposto a se reciclar sempre e a manter a mente aberta e adaptável às mudanças do mercado. Ser detalhista ao revisar o trabalho final.
Web Designer
Criativo, arrojado, solucionador de problemas, caprichoso, bem organizado, amante de tecnologia, detalhista, antenado e apreciador das artes gráficas em geral. Precisa também estar disposto a se reciclar sempre e a manter a mente aberta e adaptável às mudanças do mercado. Gostar de lógica de programação.
Diferenças entre Web designer e desenvolvedor web (Web Developer)
Aqui a diferença entre os dois profissionais está mais delineada. O primeiro é o “desenhista” e o segundo é o “programador”. Na teoria, um não existe sem o outro. Em vez de irmãos, formam um casal.
As semelhanças estão no conhecimento que precisam ter sobre design, diagramação modular e lógica de programação. Obviamente o desenvolvedor web deverá apreciar mais esta terceira parte. Sua função principal é dar vida à arte que o web designer criou, mas para isso dar certo, precisa também entender um pouco de conceitos de design.

Ambos precisam ter duas mentes — a de exatas e a de humanas — trabalhando junto. O web designer tem a mente de humanas como o “alfa” da relação, já o desenvolvedor web tende mais para o lado de exatas. Em suma, fazem faculdades diferentes, trabalham com softwares diferentes e leem livros diferentes. Em comum, amam tecnologia, sites, startups, apps e arte digital.
O engraçado é que o perfil psicológico dos dois profissionais é muito parecido. Precisam ser criativos, arrojados, amar tecnologia e ter uma capacidade quase mágica para resolverem problemas e se adaptarem a desafios. Numa mesa de bar, sentariam lado a lado e beberiam todas rindo das besteiras que diriam. Programador e designers são mais parecidos do que você imagina (ambos odeiam gravatas, por exemplo, jogam muito videogame e contam piadas que apenas nerds entendem).
Um web designer está a alguns passos de se tornar um desenvolvedor web, e vice-versa. Tudo depende do tempo, da sua vontade, do seu gosto pessoal e do que o mercado irá lhe exigir. O ideal seria enveredar por todos os campos e sentir os prós e contras de cada um deles.
Um alerta: provavelmente se você veio até aqui está mais condicionado a ser designer do que programador, porém tenha certeza de uma coisa: programação vicia! Lembro-me bem de quando criei a minha primeira caixa de lista suspensa numa página HTML. Ter o poder de criar um mecanismo funcional em que se pode interagir com um clique é mágico! Fora que a lógica da programação — criar toda uma cadeia de comandos numa sequência estabelecida — é muito legal e atiça demais a criatividade.
Seja design gráfico, digital, web ou desenvolvedor, você irá adorar seguir por qualquer um destes caminhos. E o conselho que dou: passeie por todos.